Cabo Verde e São Tomé e Príncipe pescam no mesmo mar

Praia -  Os pescadores que navegam na zona marítima cabo-verdiana vão poder fazê-lo também no mar de São Tomé e Príncipe,  reporta hoje (quarta-feira) o "Asemanaonline".

O mesmo acontece aos homens da pesca de São Tomé e Príncipe, que agora têm franqueadas as portas da zona exclusiva de Cabo Verde.

Esta exploração marítima possível de fazer é sequência de um  acordo de cooperação assinado entre os dois países, que abrange a formação e a investigação no sector das pescas.

Entre os vários acordos de cooperação assinados entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, em Abril deste ano, está o das pescas, agora aprovado em Conselho de Ministros, que dá a oportunidade aos profissionais do mar circularem nas zonas exclusivas de cada um dos países.

“Aquela zona do golfo é extremamente rica em pescado, tem polvo e camarão, e com esta abertura aos barcos com bandeira cabo-verdiana diversidade de produtos para o nosso país, assim como para São Tomé e Príncipe”, esclarece o ministro do Ambiente, do Desenvolvimento Rural e dos Recursos Marinhos.

José Maria Veiga adianta que “há muitos barcos a beneficiar deste acordo, uma vez que Cabo Verde tem parcerias com as Canárias ou mesmo a União Europeia”, por exemplo. A possibilidade de pescar na zona de São Tomé e Príncipe e de adquirir novos pescados abre também as portas ao sector industrial.

“Havendo uma boa quantidade de importação de peixe, haverá matéria-prima para se transformar em Cabo Verde e com isso criar novos mercados”, explica o titular da pasta que dá o exemplo da Frescomar, em São Vicente.

“Nas águas internacionais já nós podemos pescar mas é importante esta parceria para podermos entrar nas zonas exclusivas dos países e conseguir outro tipo de pescado específico de cada zona”, esclarece.

José Maria Veiga refere ainda que este acordo vai, igualmente, beneficiar os são-tomenses e consequentemente a comunidade cabo-verdiana a residir naquele país. “Temos especial interesse neste tipo de acordos com os países da mesma língua, cultura e, claro, onde residem cabo-verdianos, porque é também uma forma de ajudar a nossa comunidade”.

Questionado sobre um acordo do género com a Guiné-Bissau, José Maria Veiga não esconde o desejo de isso se vir a concretizar mas não para já.

“Há muito que pensamos nisso e trabalhamos nesse sentido mas também é importante trabalharmos com países estáveis e, neste momento, com a Guiné-Bissau não é possível dada a instabilidade que lá se vive. Queremos mas quando houver condições”, admite. “Também vamos, por exemplo, explorar terras em Angola, porque é possível, neste momento, estabelecer acordos com estes países estáveis”.

José Maria Veiga lembra que Cabo Verde está inserido na Comissão da Sub Região de Pescas que abrange sete países: Guiné-Bissau, Guiné Conakry, Serra Leoa, Senegal, Mauritânia e Gâmbia.

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