Em quase todas as esquinas de África, há qualquer coisa que desperta o interesse chinês. O continente é rico em recursos naturais que prometem suportar a explosão do progresso chinês, cuja economia ávida de petróleo está em vigor.
Existe cobre para explorar na Zâmbia, ferro para extrair no Gabão e petróleo para refinar em Angola.
Noutros países com menos recursos naturais, as empresas chinesas tem estudado o comércio e as oportunidades de investimento.Veja um mapa do investimento da China em África.
África não pode recusar intervenção externa
A necessidade africana de ter vias de comunicação melhores, escolas, rede de computadores, sistemas de telecomunicações e uma geração de poder, tem aberto uma entrada lucrativa, repleta de oportunidades para as firmas chinesas.
A nova dinâmica chino-africana pode enfraquecer facilmente o ocidente, que revive memórias da dominação colonial europeia em África. Além disso as ofertas a baixo custo dos chineses estão a arruinar as companhias ocidentais.
A China oferece ainda ajuda sem exigir condições, um contraste marcante em relação aos doadores ocidentais que impõem condições na ajuda que concedem e pedem facilidades em relação às questões dos direitos humanos.
As críticas dizem que a aproximação da China encorajou governos firmes, permitindo que ingnorem os pedidos ocidentais para que procedam a uma reforma, seguros de que Beijing dar conta do desmazelo.
O Sudão, com as suas vastas reservas de petróleo, é o número um do investimento chinês, e vende dois terços do seu petróleo a Beijing. Como resultado, a China tem sido criticada pela sua ligação a um governo desprezado por muitos devido ao seu papel na crise actual existente no Darfur.
Por outro lado, histórias de manifestações anti-chinesas na Zâmbia, e o assassínio de nove operários petrolíferos chineses levado a cabo por rebeldes da região Ogaden da Etiópia, fez com que Beijing analisasse o preço que terá de pagar devido às suas aventuras africanas.
Para lá do estereotipo
Os chineses insistem que não têm interesse em dominar África.
Em vez disso, a China diz que ambiciona um "mundo harmonioso", que quer auxiliar os países africanos ao longo da sua caminhada do desenvolvimento.
Substituindo os projectos de ajuda repletos de altos e baixos, as empresas chinesas ambicionam lucros em África. Ao concederem ao continenente novas infraestruturas, querem fazer uso das mesmas, no sentido de aumentar o comércio com a China.
Nós nunca impomos a nossa própria vontade sobre os países africanos... |
"A China respeita e apoia verdadeiramente os países africanos," disse Yan Xiao Gang, o representante económico chinês na Etiópia, à BBC.
"Nós nunca impomos a nossa própria vontade sobre os países africanos, nem interferimos nos seus assuntos internos."
Funcionários etíopes afirmam deter o desenvolvimento do seu próprio país, mas admitem que grande parte dos contratos seguem geralmente para firmas chinesas devido à sua capacidade de manter os custos em baixo.
Muitas empresas chinesas empregam muitos trabalhadores locais mas os salários pagos são baixos.
Contudo, está provado que os trabalhadores estão a adquirir novos conhecimentos devido à disponibilidade do fundo-chinês do trabalho.
Tirando vantagem dos baixos custos laborais, os chineses estão também a construir empresas por toda a África.
Analistas dizem que Beijing parece pronta para a longa jornada em África.
"Para a China se tornar numa potência maior tem que dar continuidade ao seu crescimento económico dos últimos anos. Para tal precisa de energia e mercados," afirmou o professor M Venkataraman, da Universidade de Addis Ababa, à BBC.
Aqueles mercados mostram-se receptivos e o comércio com o continente está a passar uma explosão fabulosa - acima dos 40 mil milhões de dólares em 2004, um aumento de dezenas numa década.
Porém, muitos países africanos têm agora um défice no crescimento comercial com a China, no lugar de ter acordos mercantis livres de taxas.
O projecto da nova sede da União Africana em Addis Ababa, oferecida pelos chineses |
As exportações etíopes para a China, atingiram o valor de 132 milhões de dólares em 2006, um montante mínimo, comparado com o valor de importações chinesas de 432 milhões.
"Não está claro quais serão os efeitos a longo prazo dos projectos chineses", disse Venkataraman.
Símbolos poderosos
A relação China-África chamou a atenção em 2006 quando 48 chefes de governo de países africanos participaram num fórum em Beijing.
A capital chinesa estava enfeitada com imagens da África exótica para a ocasião. Foram feitos discursos e fecharam-se negócios.
"Mas os factos são muitos claros - eles sairão beneficiados em ambas as partes. A China permanecerá neste continente durante muito tempo."
Tsegab Kebebew, um funcionário experiente do ministrério dos negócios estrangeiros da Etiópia, esteve em Beijing para o encontro. Passado um ano, ele ainda se mostra entusiasmado com esta relação.
"Existe uma nova estratégia de parceria. Não há uma história de colonização entre China e África, portanto eles são muito bem recebidos aqui", disse ele à BBC.
Mas os factos são muitos claros - eles sairão beneficiados em ambas as partes. A China permanecerá neste continente durante muito tempo. |
"Não há julgamentos psicológicos contra os chineses."
De facto, a China tem um historial de envolvimento em África, e levou a cabo grandes projectos de ajuda nos anos 60 e 70.
Entre as ofertas de Beijing estava uma auto-estrada que liga a Zâmbia à Tanzânia, estando agora agendada a sua reconstrução por uma companhia chinesa.
Empresas chinesas reconstroem a capital etíope, Addis Ababa.
As ofertas chinesas para a África de hoje incluem um centro de conferências moderno na sede da União Africana em Addis Ababa - um símbolo do compromisso de Beijing no desenvolvimento africano, disse Yan da embaixada chinesa.
Com a Etiópia a marcar só agora a sua viragem milenar, sete anos mais tarde do que o resto do mundo, o país está envolvido numa azafama do milénio de 12 meses.
As faixas adornam os edifícios públicos e os souvenirs estão em saldo em muitas lojas. O governo está esperançado que a explosão de orgulho nacional possa levar a Etiópia para uma nova era de prosperidade.
Aqueles que se passeiam no mercado local à procura de um prato típico que tem o slogan: "Etiópia Milénio 2000" deveriam virar o prato e verificar o verso. Aí podem ler uma frase já familiar a todos os ocidentais: "Made in China".