A Guiné-Bissau fica situada na costa ocidental de África, a quatro horas de voo para a Europa, e o seu vasto território integra 90 ilhas das quais apenas 17 são habitadas. Ocupa uma área de trinta e cinco mil, cento e vinte cinco quilómetros quadrados, menos de metade do território português. É dos países com mais número de ilhas, no mundo.
A Guiné-Bissau, indubitavelmente é única pela sua riqueza natural, cultural e histórica. Isso faz do nosso país um espaço maravilhoso com inúmeros atrativos turísticos, tendo na diversidade nosso instrumento principal para tornar o país uma grande potencia turística.
É inegável a nossa vocação para o turismo. Dispomos de todas as condições para cativar nossos visitantes. À lindíssima paisagem cênica da Guiné e a magnífica vida ao ar livre, o clima solarengo, faz da Guiné-Bissau um impressivo universo de atrações para oferecer ao viajante mais exigente. Há belas praias, como em Varela, Catchalan, Suru, Caravela ou Bolama (que conserva vestígios arquitectónicos da ocupação colonial), mas hoje caindo aos pedaços sem preservação.
O Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, no norte, a cerca de cem quilômetros da capital, é um dos dois grandes atrativos em termos de ecoturismo. Paraíso de mangais, (dos mais importantes de África), a reserva abriga duas centenas de espécies de aves, incluindo flamingos e papagaios. Crocodilos, hipopótamos, gazelas, hienas e macacos habitam também a região. Entre outros, temos o Arquipélago dos Bijagós, uma imensidão de ilhas e ilhotas relativamente próximas do litoral, parte das quais são habitadas por comunidades de pescadores. Habitat de várias espécies de plantas raras, assim como de algumas populações de tartarugas marítimas, o arquipélago está classificado como Reserva da Biosfera.
Sem falar da famosa ilha de Bubaque e a magnífica Praia de Bruce, a diversidade cultural, comidas típicas e bebidas tradicionais fazem do nosso país um paraíso. O potencial turístico tem tudo para dar uma ótima reputação ao país e retribuir o valor do dinheiro investido no turismo nacional, e, se for bem planejado, pode tornar a Guiné-Bissau num dos destinos mais procurados pelos europeus e, também, pelos nossos vizinhos da costa ocidental de África. Assim, temos um ótimo local para viagens de lazer, ecoturismo, e de turismo cultural devido à nossa situação geográfica, climática, diversidade cultural e biodiversidades.
Os impactos negativos que têm afetado o turismo nacional
Consta nos relatórios das empresas mundiais de segurança, nos últimos dez anos, que a Guiné-Bissau é um país violento, corrupto e perigoso.
A imagem da Guiné-Bissau no exterior não é grande coisa, como se sabe. Notícias sobre assassinatos, tráficos e corrupção são comuns na imprensa estrangeira. Nenhum documento sobre o país tem mais influência que os relatórios elaborados por empresas de investigação internacional. Isso porque essas análises se destinam a um leitor de peso: os executivos de multinacionais interessadas em fazer negócios ao redor do mundo.
Quanto pior o retrato da Guiné, maiores os riscos de impacto negativo sobre os investimentos no turismo no país. Outra coisa importante, que não podemos deixar de lado, é a situação em que se encontram as infra-estruturas nacionais. Os serviços e produtos gerados pelos setores de infra-estrutura, principalmente energia, saúde, transportes, telecomunicações e saneamento básico etc., funcionam como órgãos vitais em qualquer sistema econômico. "Sem infra-estrutura, o País literalmente pára", é o caso da Guiné-Bissau hoje.
Faltam estradas, energia, hospitais, bancos, transportes, porto e aeroporto sem as mínimas condições, e sem se falar em saneamento básico.
Não se pode falar em desenvolvimento turístico se não houver infra-estruturas, acesso à energia, qualidade nos serviços, enfim; uma série de fatores que influem na atividade turística. E, para isso, várias ações devem ser realizadas pelo governo. Não adianta só falar em desenvolvimento turístico, ou fazer um site bonito, gastar dinheiro nas viagens para convencer os investidores. É importante, em primeiro lugar, preparar-se para os desafios e exigências do mercado, saber quem é o nosso público alvo, e saber diferenciar oferta e demanda... E daí, pode-se começar a pensar num turismo saudável.
Porque o turismo é um mercado em expansão
O turismo ocupa hoje um importante papel no panorama econômico mundial, figurando como um dos mais importantes e relevantes setores econômicos, ao lado inclusive, da indústria mundial do petróleo. Esta é uma das informações veiculadas pela Organização Mundial do Turismo, a OMT, que revela que o turismo gera anualmente algo em torno de quatro triliões de dólares no mundo e mais de 280 milhões de empregos diretos e indiretos, sendo considerado um setor em expansão em todo o mundo. Ainda segundo a OMT, nas últimas cinco décadas o mercado do turismo triplicou de tamanho e conseqüentemente triplicou seu impacto econômico. O turismo não é um setor novo e existe desde a idade média, entretanto ganhou forma e organização a partir do século XIX, e é responsável pela geração de renda, de empregos e pelo enriquecimento de muitas pessoas em diversos setores.
Só em Cabo Verde, o investimento estrangeiro na área de turismo é de 250 milhões de dólares aprovados entre 2000 e 2005, 231 estão ligados ao turismo e apenas 12 ao sector da indústria. Segundo Silvino Castro, director do departamento de Apoio aos Investidores Externos do Cabo Verde Investimentos (CVI).
Ainda acredito que podemos mudar a situação na Guiné, com vontade, com trabalho, e dando oportunidade aos jovens recém formados, globalizados, como se está a fazer em Cabo Verde, Angola e outros países lusófonos. Só planejando, organizando e projetando de forma viável, podemos atrair os investidores nacionais e internacionais.
Porque a natureza nos deu os recursos e a riqueza, somos um país tropical, de muitas belezas naturais, o turismo pode ser alternativa para o desenvolvimento do nosso pais.
Ainda acredito na Guiné e na juventude Guineense...
Um dia chegaremos onde queremos chegar...
Este artigo foi publicado originalmente no site da Associação Contributo, em 29/06/2009.