A Guiné-Bissau é a líder em tráfico de drogas em África, segundo o Wikileaks


Actual e antigo presidentes cúmplices de traficantes, revela telegrama norte-americano

WikiLeaks implica altas figuras de Moçambique no tráfico de droga

09.12.2010 - 10:31 Por PÚBLICO
  • A Frelimo e o actual Presidente moçambicano, Armando Emílio Guebuza, são referidos no telegrama como cúmplices do tráfico
    Moçambique tornou-se o segundo lugar de África “mais activo para o trânsito de narcóticos”, depois da Guiné-Bissau, graças à cumplicidade entre traficantes e figuras ao mais alto nível em Maputo, diz um telegrama da Embaixada norte-americana em Moçambique revelado pela WikiLeaks.
  • A Frelimo e o actual Presidente moçambicano, Armando Emílio Guebuza, são referidos no telegrama como cúmplices do tráfico (Grant Lee Neuenburg/Reuters)
O tráfico em Moçambique atingia, em Setembro de 2009 – a data do telegrama divulgado pela WikiLeaks através do diário francês “Le Monde” – “uma tendência inquietante”, ainda que insuficente para chamar ao país “um narco-Estado corrompido”. 

“Ghulam Rassul Moti, traficante de haxixe e de heroína no Norte de Moçambique desde, pelo menos, 1993, reduziu consideravelmente o montante dos seus subornos aos funcionários locais para [passar a] pagá-los directamente aos dirigentes da Frelimo”, no poder desde a independência moçambicana em 1975, lê-se no documento.

Segundo escreve a Embaixada dos Estados Unidos, o tráfico é controlado por dois moçambicanos de ascendência asiática, Mohamed Bachir Suleiman (identificado no telegrama como “MBS”) e Ghulam Rassul Moti, com a cumplicidade do actual Presidente, Armando Emílio Guebuza, e do antecessor, Joaquim Chissano, escreve o “Monde”.

“MBS contribuiu grandemente para encher os cofres da Frelimo e forneceu um suporte financeiro significativo às campanhas eleitorais” de figuras do partido.

A diplomacia norte-americana sustenta a acusação no caso da gestão do porto marítimo de Nacala, a mais de dois mil quilómetros a Norte de Maputo, referindo Celso Correia, presidente da empresa Insitec e próximo de Guebuza, como o homem por trás do tráfico de droga a partir daquela região.

Segundo se lê no telegrama, os traficantes subornam a polícia, os serviços de imigração e os responsáveis pelas transferências aduaneiras para assegurar que a droga” proveniente do sudeste asiático entra “livremente no país”.

Com destino ao mercado sul-africano e europeu, detalha um outro telegrama de 17 de Novembro do ano passado, a droga chega em Moçambique tanto a partir da Ásia como da América Latina.

A cocaína entra por avião “a partir do Brasil”. Do Paquistão, Afeganistão e Índia chegam, por via marítima, haxixe, heroína e mandrax (droga com efeitos sedativos e receitada, nos anos 60, como medicamento).
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