"Paraíso Negro" - por Malam Sambu

PARAISO NEGRO
“No fim, apenas os mais habílídosos e os fortes sobrevivem neste mundo...
É uma lei ditada pela ordem natural das coisas.
Se você for forte você vive, Se você for  fraco você Morre... “

É o mês de dezembro... Mais um ano que acaba, estou calmo, diria resignado, será o pronuncio que o próximo ano as coisas serão diferentes? Muita presunção minha... Porque 2011 haveria de diferente? Vivemos numa época em que o tempo acelerou e o espaço encolheu, não conseguimos escapar, porque a vida é uma incessante série de problemas todos difíceis, com limitadas e brutais escolhas e um limite de tempo. A pior coisa, não é tomar decisões e esperar pela conclusão ideal aparecer. Fazer a melhor escolha numa fração de segundos é difícil, e como nós não somos Deuses, não só os nossos poderes são limitados, como também temos de ser o Diabo. 

Tento pensar nas circunstâncias, na escolha de cada político, militar, até mesmo nas sanguessugas exploradores, porque tanta ganância? Será que uma casa, um carro, filhos na escola, quer no próprio país ou no estrangeiro não chegam? É estranho onde erramos? Quando escolhemos a independência, por outras palavras, a revolta contra potência colonizadora por direito a puder comandar o nosso destino, não era para trazer paz e prosperidade a todos... Essa luta era a coisa certa a fazer não era? Antes de começar a escrever este texto, li vários outros escritores (nacionais e estrangeiros) reportagens jornalistas, crónicas, até pensamentos políticos, muitos de os quais de Cabral, foi então que me apercebi de algo extraordinário.

Quase sempre o que se escreve sobre a Guiné-Bissau, é baseado no turbilhão de acontecimento tenebroso a qual esta é submetida, mas o que ninguém (os críticos e a própria comunidade internacional) se pergunta, é, porque esse eterno papel de vítima da nossa sociedade... Sempre de “coitadinha”. Todos criticam e falam apenas dos militares e dos políticos, perguntasse-a, onde esta a novidade Malam? Afinal este filme é o mesmo de há 40 anos, apenas mudam aos atores, mas o cenário e o roteiro continuam exatamente iguais!

Correto, mas um exame mais detalhado revela outro facto; A dupla fase terceira parte envolvida nesta contenta; A sociedade civil guineense! Alguém disse que “A ignorância é uma escolha, e não é fácil. Para desafiar a evidência lógica, histórica e consenso comum exige dedicação e força moral supremo”. Não negarei as minhas palavras, se for chamado de demagogo insolente, por todos aqueles que ficarem ofendido com a minha ousadia de “apontar” o dedo a sociedade, porque sou humano, e como tal estou destinado a cometer alguns erros, mas factos são factos, a sociedade guineense em si, é tão pecador como os políticos ou os militares, e os seus pecados são pesados demais para serem expurgados.

Porque não há manifestos contra os criminosos de colarinho branco, porque os traficantes, corruptos e assassinos são idolatrados, e por sua vez os médicos, professores e funcionários públicos, são marginalizados e apelidados de incompetentes, por quê? Os militares detêm as armas, e os políticos leis e meios, mas a sociedade detém o verdadeiro poder, embora não saiba usá-lo, melhor usa-o apenas em benefícios próprio, o que se traduz em “Uma mão lava a outra, enquanto houver sabão é claro”.

Depois é uma sociedade hipócrita, e preconceituosa, apontam o dedo aos militares e aos políticos, acha-os burros e primatas, mas reserva a si o direito de ser elitista, “Ah eu sou filho de fulano tal... neto, ou dessedente de português, como se de dinastia se trata. Um amigo disse-me; “Malam... Cuidado rapaz, vai ter muita gente que não vai entender o teu raciocínio, embora compreensível, aos olhos de muitos pode parecer um manifesto de defesa aos donos da guine, por outras palavras militares e políticos... “responde a esse amigo com a seguinte frase "Racionalmente, se há mal neste mundo, encontra-se dentro dos corações da humanidade" - Edward D. Morrison. 

Olhou para mim resignado, o sorriso tímido dizia uma coisa, e os seus olhos refletiam a derrota! Afinal o que esperar de uma sociedade onde “tal” elite, existem personagens que roubam e traficam, e são vistos com “Matchos” se eu for um ministro, a felicidade da minha família, não é porque eu sou um alto funcionário da Republica, o “jubileu” é pelo facto de eu ter as chaves do cobre... Se meu irmão, pai, ou tio, for traficante, é “Matcho” porque tem coragem, quando ele passar na rua exibindo um carro top de gama, provocando inveja a “Zé-ninguém”, é admirado, se construir um palacete é um rei, enquanto que um honesto trabalhador pai de família, que todos os dias sai a procura do seu sustento e da respetiva família, é tratado como se de lixo fosse, e é essa sociedade que se diz vítima de terceiros... 

Uma sociedade, onde são as filhas que sustentam os pais, irmãos e irmãs, estão na flor da idade, os seus atributos físicos e nada mais sustentam a casa! Acham, que eu perdi esperança... Nada disso, a esperança não morreu, até porque eu estou vivo, a esperança, esta apenas fechada numa caixa chamada de prudência.

"Eu tenho emoções, mas eu sou mais do que minhas emoções. Meus sentimentos são diversificados, mutáveis e, ás vezes contraditórios. Eles podem passar do amor ao ódio, da calma à raiva, e, no entanto, minha essência, a minha natureza verdadeira, não muda... eu permaneço."

 Escrito por Malam Sambu, editor do blog Banobero (banobero.blogspot.com)



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