Carência de alimentos em Bissau - do escasso ao caro

 

Na Guiné-Bissau faltam alimentos por causa da crise fronteiriça entre a Gâmbia e o Senegal. Esta situação preocupa algumas associações ligadas ao comércio do país, que procuram soluções junto do governo

 
Uma grande parte dos produtos de primeira necessidade e alimentos que abastecem o mercado guineense vem da Gâmbia, mas a recorrente crise fronteiriça entre a Gâmbia e o Senegal está a dificultar a passagem destes produtos do primeiro país para a Guiné-Bissau porque as mercadorias vindas da Gâmbia, país encrustado no Senegal, têm de passar por este último país.
Aliu Seidi, presidente da associação de retalhistas da Guiné-Bissau, fala-nos dos efeitos da atual situação sobre o mercado local: "Ainda não há carência de produtos mas não falta muito tempo; digo isto porque já escasseiam produtos na Gâmbia." Enquanto isso os camiões com mercadorias que devem seguir para a Guiné-Bissau estão retidos no lado gambiano.
Trabalhos agrícolas na Guiné Bissau, depois da colheita do arroz.Trabalhos agrícolas na Guiné Bissau, depois da colheita do arroz.A economia da Guiné-Bissau depende muito dos países vizinhos
Por outro lado a associação de retalhistas da Guiné-Bissau vê outros prejuizos nas transações comerciais com a Gâmbia: "A Guiné-Bissau deveria aumentar as taxas sobre os artigos que entram no país. O governo de Bissau, e também a Camara do Comércio, está a mediar a crise com os governos da Gâmbia e Senegal. Continuamos a ser vítimas de toda esta situação. Penso que as autoridades guineenses deveriam ser mais intransigentes em nossa defesa porque os artigos que chegam e como são muito baratos, prejudicam-nos."
Entretanto, a Camara do Comércio está a fazer contatos a vários níveis para tentar resolver o problema do seu mercado, como nos contou Braima Camará, o presidente da Camara do Comércio da Guiné-Bissau: "Estamos a tratar, é um processo... estamos em contato com as embaixadas do Senegal e da Gâmbia na Guiné Bissau, já informei o Presidente da República. Estamos a tratar, não é um assunto fácil, é muito difícil, mas estou convencido que a direcção da camara vai continuar nessa direcção para que possa encontrar uma solução".
Para o presidente da Camara do Comércio o príncipio da UEMOA, União Monetária da Africa Ocidental, deveria ser respeitado no que se refere à circulção de pessoas e bens. De acordo com Camará enquanto os problemas não forem sanados a Guiné-Bissau está sujeita a enfrentar problemas similares. O presidente da Camara do Comércio considera por isso que a Guiné-Bissau está a apanhar por tabela. E sobre a saída desta dependência em relação às vias da Gâmbia e Senegal Braima Camará diz o seguinte:
"Nós queremos uma outra alternativa que é a via marítima, mas isso já exige muita carga, de maneira que o fluxo económico que se observa entre a Gâmbia e a Guiné Bissau, às vezes não é suficiente para fazer deslocar um navio da Gâmbia para Bissau. Daí a necessidade do recurso à via terrestre".
Autor: Nádia Issufo/Carlos Martins
Revisão: António Rocha
 
 

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