Moscovo - Joaquim Crima, originário da Guiné-Bissau que se tornou famoso por concorrer a presidente de um dos concelhos da região russa de Volgogrado, abandonou o Partido Rússia Unida de Vladimir Putin, acusando-o de não realizar melhorias da vida das populações.
06-05-2011 14:16 - Rússia
Esta tomada de posição de Joaquim Crima, que ficou conhecido pela alcunha "Obama russo", foi realizada na véspera da Conferência Regional do Rússia Unida, que terá brevemente lugar em Volgogrado, com a participação do primeiro-ministro russo.
Numa mensagem enviada a Putin, que conheceu no ano passado quando o primeiro-ministro visitou a região, o guineense justifica a sua decisão com o facto de o Rússia Unida estar a perder a confiança do povo.
"No último ano, o nível de confiança no Rússia Unida na nossa região de Volgogrado caiu significativamente. E essa opinião não é só minha, foi publicamente revelada há pouco tempo pelo governador da nossa região. Os habitantes de Volgogrado perdem a confiança no poder, no partido do poder, não veem mudanças positivas na sua vida", escreve Crima.
"Entre as declarações programáticas do Partido da Rússia Unida nas eleições passadas estavam, por exemplo, as promessas de aumentar os salários dos funcionários públicos, controlar os preços dos produtos alimentares essenciais, não permitir o aumento do preço dos serviços comunais. Nada disso foi cumprido", considera o guineense.
Segundo Crima, há contudo "dinheiro para aumentar regularmente os salários dos burocratas numa região que não é muito rica".
Joaquim Crima é da opinião que o Rússia Unida se transforma cada vez mais num partido de burocratas.
"No verão passado, quando os incêndios devoravam os arredores de Moscovo, eu tive a ideia de enviar ajuda humanitária. Tratou-se de um desejo normal de ajudar as pessoas. Conseguimos juntar 20 toneladas de melancias. Faltava apenas transportá-las para a região. Dirigi-me à organização regional do Rússia Unida, mas em vão, encontrei uma parede de indiferença face à desgraça alheia. As melancias acabaram por apodrecer", exemplifica ele.
Porém, o guineense frisa: "Continuo a ser um ardente adepto da política de modernização da Rússia, realizada por si e pelo Presidente Dmitri Medvedev".
Crima anunciou também que pretende aderir ao Partido Rússia Justa, força política que pretende ser o centro da oposição à Rússia Justa.
Crima nasceu na Guiné-Bissau em 1972. Depois de estudar Quimíca e Biologia na Rússia, formou família aqui. Vendedor de melancias junto a uma estrada, tornou-se conhecido quando se decidiu candidatar à presidência de um concelho da região de Volgogrado, a sul de Moscovo, em 2010.
Rapidamente conquistou popularidade entre a população com o seu humor e aplicação no trabalho. Prometeu "trabalhar como um negro" caso vencesse as eleições.
O guineense foi derrotado por um concorrente apoiado pelo Partido da Rússia Unida, mas a sua popularidade continuou a ser grande.