O Mercado Central de Bissau, localmente conhecido como Féra di Praça, data da era colonial e situa-se no centro de Bissau.
Segundo a Agência PanaPress, o Mercado Central foi incendiado pela primeira vez em 1998, devido a bombardeamentos que ocorreram durante o conflito armado de 7 de Junho. Com a ajuda dos parceiros de desenvolvimento, foi reabilitado em 1999, pouco depois do fim da guerra civil.
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Passados cerca 4 anos, o mercado ainda está lá, em ruínas. Os comerciantes, por falta de opção e já deveras conformados, continuam a vender nas calçadas próximas às ruínas do mercado, em condições precárias e sem higiene ou segurança nenhuma.
Em Fevereiro deste ano, conversei brevemente com uma senhora que vende frutas em frente ao minimercado Darling e, ao questioná-la sobre as condições em que trabalha, ela explicou-me que continuam a pagar diariamente uma taxa aos agentes da Câmara Municipal de Bissau. Já ouviram várias promessas de reconstrução do Mercado Central, e continuam à espera que as obras arranquem.
Eu me pergunto se:
a) esse dinheiro arrecadado dos feirantes chega aos cofres do Estado;
b) se chega, será que em 4 anos ainda não conseguiram arrecadar o suficiente para pelo menos começar as obras de reconstrução; e
c) se o presidente da CMB sequer se importa com essa questão.
Na minha opinião, não se trata apenas do conforto dos feirantes. É também uma questão de segurança pública, pois as condições em que a maioria dos alimentos são vendidos certamente oferecem perigos para a saúde de quem os consome. Sem contar que é muito feio... calçadas foram feitas para as pessoas andarem, não para fazer feira! E nem vou falar de vigilância e controle sanitário...
a) esse dinheiro arrecadado dos feirantes chega aos cofres do Estado;
b) se chega, será que em 4 anos ainda não conseguiram arrecadar o suficiente para pelo menos começar as obras de reconstrução; e
c) se o presidente da CMB sequer se importa com essa questão.
Na minha opinião, não se trata apenas do conforto dos feirantes. É também uma questão de segurança pública, pois as condições em que a maioria dos alimentos são vendidos certamente oferecem perigos para a saúde de quem os consome. Sem contar que é muito feio... calçadas foram feitas para as pessoas andarem, não para fazer feira! E nem vou falar de vigilância e controle sanitário...
Em Julho deste ano, houve um outro incêncio (2) nas instalações da fábrica da Coca-Cola, que destruiu parte do Edifício ANCAR e causou muitos prejuízos às lojas que aí se situam. Mais uma vez, os bombeiros lamentaram a falta de meios e “exigiram” melhoria das condições de trabalho.
Quantos incêndios mais precisam acontecer para que o Governo dê atenção?
O que dizer de um Estado soberano que, entre muitas outras coisas, não consegue equipar o principal quartel de bombeiros da capital, nem reconstruir um mercado popular? Corrijam-me se estiver errada, mas isso não é normal.
Certamente continuam à espera dos “parceiros de desenvolvimento”, que a esta altura já devem estar cansados dessa parceria infrutífera. Os guineenses têm que pôr na cabeça que temos de ser nós a resolver os nossos problemas, mesmo que outros estejam dispostos a nos ajudar. Acredito que, na maioria dos casos, a questão não é tanto a falta de meios financeiros, mas o descaso contínuo e crescente, assim como a revolta daqueles que, como eu, se sentem indignados por situações como estas.
Até quando vamos continuar a regredir, à espera de esmolas quando podemos arregaçar as mangas e fazer o trabalho que tem que ser feito? Até quando vão continuar a nos ajudar, se não nos mostrarmos merecedores dos apoios (muitos!) que nos tem sido dados?
A Guiné-Bissau tem muito trabalho para fazer. Tanto, que quando me ponho a pensar neles não consigo enumerá-los nem ordená-los por ordem de prioridade, mas o certo é que por algum lado temos que começar, seja lá qual fôr.
Fico contente quando vejo iniciativas de progresso, por menores que sejam. Sei como é difícil realizar coisas na minha terra, por isso nenhum esforço é pequeno.
Enfim... a frustração é grande, mas a convicção de que é possível recuperar o país é maior ainda!
Para bons entendedores, algumas imagens bastam.
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(1) Notícia do incêncido no MCB----------------------------------------
(2) Notícia do incêndio no ANCAR/Coca-Cola
(3) Posts nos blogs Bissau-Lisboa-Bissau e Espalharte sobre o Mercado Central e a Baixa de Bissau - vale a pena conferir!
Se puder, por favor envie-nos fotos actuais do Mercado Central ( e/ou de outras áreas da cidade).
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