A Guiné-Bissau é o sexto país com os piores indicadores de desenvolvimento humano, situando-se no 164º lugar num total de 169, de acordo com o índice divulgado esta quinta-feira pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Quase metade dos 1.647.380 guineenses (48,8%) vive abaixo do limiar da pobreza e 55,3% da população empregada vive com menos de 89 cêntimos por dia.
Segundo o mesmo documento, a esperança média de vida à nascença é de 48,6 anos (a média mundial é de 69,3). A taxa de mortalidade infantil (menores de um ano) é de 117/1000 nados vivos e até aos cinco anos, de 195/1000 nados vivos.
A taxa de fertilidade de 5,9 (contra 2,3. da médias mundial). Por cada 100 mulheres nascem 100,8 homens. 66,9% da população tem entre 15 e 64 anos e 39% das crianças, entre os 5 e os 14 anos, trabalham. A taxa de crescimento populacional situa-se nos 2,6% ao ano, embora até 2015 esteja previsto um ligeiro decréscimo (2,3%). Trinta em cada 100 guineenses vivem nas zonas urbanas.
Na área da saúde, os dados também não são animadores. A taxa de mortalidade maternal é de 1100/100.000 nados-vivos e só 39% dos partos se realização sob supervisão médica (contra 273/100.000 e 75%, respectivamente, da média mundial). A taxa de utilização de métodos contraceptivos, entre as mulheres casadas com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos, é de 10,3% e 129,2 em cada mil mulheres com idade entre os 15 e os 19 anos já deu à luz pelo menos uma vez.
Os cuidados médicos são outro dos factores preocupantes. Apenas 24% das crianças com menos de um ano está vacinada contra o sarampo e somente 37% recebe as chamadas vacinas DTP (difteria, tétano e tosse convulsa). 1,2% das mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos está infectada com o HIV/Sida, contra 0,4% dos homens. A faixa populacional entre os 15 e os 49 anos, essa percentagem é de 1,8.
No sector da educação, os resultados são um pouco mais positivos. Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano 2010, a taxa de literacia entre os maiores de 15 anos é de 51% Cada professor tem a seu cargo, em média, 88,1 alunos, embora apenas 35,1% dos professores primários tenham formação na área. Em termos de qualificações literárias, 52,1% da população frequentou o ensino primário, mas apenas 9,7% tem o ensino secundário.
O baixo índice de desenvolvimento verifica-se também no acesso a serviços básicos: 39% da população não tem acesso a água tratada e 79%, a saneamento básico. Relativamente ao acesso às tecnologias de comunicação e de informação, 39% da população tem telefone fixo/telemóvel, mas apenas 2,4% utiliza a internet.
Quanto aos direitos políticos e cívicos, a Guiné-Bissau é considerado um país democrático, embora sem alternativa política, onde a violação dos direitos do Homem é mínima. Apenas 10% dos lugares no Parlamento são ocupados por mulheres.
Texto publicado originalmente no blog da ONG Coração na Guiné em 6/11/2010