Polícia angolana já tem espaço para formar agentes guineenses


Salvador Rodrigues ajudou a desbloquear a questão do espaço de formação, mas não levou dinheiro, não é a ele que cabe a gestão financeira. O Comissário-chefe Salvador Rodrigues, Dodó, da Polícia Nacional (PNA), esteve, de facto em Bissau, como noticiou O PAÍS na edição passada, com o título “Oficiais da polícia abandonam Bissau”, e foi para criar condições de permanência da Polícia Nacional no terreno, no âmbito da missão de formação de pessoal e assessoria, integrada na Missang. Com Dodó foram os oficiais superiores Salissinga, das Finanças e o chefe do Departamento de Intercâmbio da PNA. Dodó é o ponto focal da missão no Comando Geral da Polícia Nacional O PAÍS falou com o chefe da missão policial angolana em Bissau, subcomissário “Nelito”, que confirmou a notícia, embora ressalvasse que o comissário Dodó não é a pessoa que gere os dinheiros.
Haverá, segundo o oficiail, um intrincado caminho em que os dinheiros idos de Angola ficam sob gestão do General Gildo, comandante da Missang, que coordena os três gabinetes técnicos (militar, policial e de gestão) sendo que os gastos efectuados pelo sub-comissário Manuel Francisco Gonçalves, “Nelito”, o segundo na hierarquia da PIR, passam sempre pela assinatura do chefe de Missang. Mas outras fontes angolanas reafirmaram que os instrutores da Polícia Nacional ficaram, de facto, alguns meses sem receber os honorários, embora justificassem o atraso com a burocracia inicial para fazer chegar as verbas ao país irmão.
TERRENO TEVE DE SER COMPRADO
Entretanto, uma fonte guineense disse que o espaço onde se irá instalar o centro de formação acabou por ser negociado com uma alta patente guineense, já que não se estava a encontrar um local alternativo.
Não se sabe, com este esforço financeiro, que tipo de instalações Angola irá construir, se um centro de formação para o futuro, ou se um provisório, para o tempo em que lá estiverem os angolanos. Esta questão preocupa alguns oficiais guineenses.
Os atrasos no arranque da formação, que levaram a que os instrutores angolanos ficassem alguns meses com pouco ou nada que fazer, terão determinado uma alteração na estratégia.
Uma trintena de polícias guineenses deverão embarcar para Angola, onde serão submetidos a uma acção de formação de formadores, à semelhança do que se fez com oficiais da Guiné Equatorial.
Depois de formados, em Angola, os guineenses trabalharão com os angolanos em Bissau, numa lógica de multiplicação dos “frutos”.
Segundo um oficial angolano, esta modalidade dará melhores frutos no esforço de reestruturação das forças da ordem guineenses. 

Chikoti e Portas atrás de soluções
As autoridades angolanas manifestaram nesta quintafeira, em Luanda, a sua abertura e disposição no sentido de se encontrar as vias e soluções para os diferentes problemas que os cidadãos têm encontrado no quadro das relações entre Angola e Portugal.
Esta posição foi tornada pública pelo ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chikoti, quando discursava na sessão de abertura do primeiro encontro de alto nível entre responsáveis angolanos e portugueses no quadro do Memorando de Consultas Políticas entre os dois estados, rubricado em 2008.
Perante o seu homólogo do ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, e altos funcionários deste país, Georges Chikoti disse que esta é uma oportunidade impar, porque as discussões permitirão aprofundar muitos aspectos do interesse dos dois estados. Referiu que as autoridades angolanas classificam a vinda a Angola do ministro Paulo Portas, não só, como uma demonstração das boas relações entre ambos os países, mas também exprime importância que as mesmas atingiram.
Georges Chikoti argumentou que no quadro do Memorando de Entendimento sobre Consultas Políticas, reuniões desta natureza devem ter lugar mais vezes para que possam analisar todas as questões que preocupam não só aos dois governos, mas também aos respectivos povos.
Por este facto, reafirmou o engajamento da parte angolana nas discussões para que esta reunião seja frutuosa e estar à altura daquilo que hoje são os interesses entre os dois países e povos. Realçou que as relações entre os dois estados são excelentes, consubstanciadas por um passado muito rico e também de laços culturais de longa data, que são hoje facilitadores de novas oportunidades que surgem de ambas as partes.
A intensidade destas relações justifica-se também pelo facto de Angola ser hoje, certamente, um dos maiores destinos das exportações portuguesas e o destino cada vez mais procurado de investimento de empresários portugueses.
O ministro acrescentou que, actualmente, a cooperação bilateral assenta em diversos dossiers, dos quais destacou o Programa Indicativo de Cooperação (PIC), as relações financeiras, comerciais e empresariais.
Apresentou como exemplo, na área da educação, o acordo entre o Ministério da Educação de Angola e o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, o Memorando de entendimento relativo ao programa de apoio ao reforço do ensino secundário no âmbito do PIC 2007/2010.
Portas na Cidade Alta Entretanto, ontem, quinta feira, Paulo Porta foi recebido, a título excepcional, pelo Presidente da Repúbloica, José Eduardo dos Santos.
José Kaliengue
27 de Julho de 2011
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